sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Amanhecer Criança Biafra

O sol despencava no quintal da África Criança...
Biafra um dia, um segundo dia... da vida não vivida
África de vez quando uma folha caia no chão de lama

Escuridão.... Mudança de dias claros para guerra escura
Madrugada prata um pássaro gritava o desespero da vida
Brisa noturna levando embora a palavra feia da guerra
Guerra da varanda vazia... Da porta da casa trancada
Tribo no meio da relutância do triste quadro do nada
Crianças se acomodando em tabuas na casa sem telhado
Ugwu... Soldado menino magrinho que não tinha crescido
Sem farda, sem botas, sem meio sol amarelo na manga
Brincando de guerra com folhas de bananeira na cabeça
Erguendo nuvens de poeira perseguindo outros meninos
Fazendo sons de tiros com a boca em armas de bambu
Passos andados de sandálias cobertas de poeira marrom
Colecionando estilhaços de metais, coisas que matavam
Fome que roubava a existência de uma infância criança
Choro desalojando a dor que entupia a garganta da alma
Criança medo e terror de andar além do limite da estrada
Criança cabelos cor de ferrugem sem marca de propriedade
Menino negro desatando os nós cegos sufocantes lá de dentro

Criança braços de palito espichando a cabeça fora das cercas
Biafra coagulo coração África, que o mundo todo silenciou...

Maria José Salles Callado  / 04.08.08

Um comentário:

Anônimo disse...

MAZE!


... Essa poesia é linda, tocante,faz pensar ... em tudo que uma guerra faz ... vítimas inocentes...crianças e sua inocência e sonhos perdidos ... a fome...o medo...e o esquecimento de que somos humanos...mas muitas vezes muitos não deveriam ser classificados como humanos, os que alimentam as guerras, a destruição de seus semelhantes...
Muito linda, me emocionei muito, minhas lágrimas rolaram, quando leio a sua poesia eu me entrego as suas palavras... viajo, sem sair do lugar,através da emoção que você proporciona através das palavras ...

Com carinho,

ISA.